Quais
as principais alterações propostas pelo PDE nos quatro eixos de ação: Educação
Básica, Alfabetização e Educação Continuada, Ensino Profissional e Tecnológico;
e Educação Superior?
A. Educação
Básica
Na educação básica
foram situados quatro eixos estruturantes para a promoção da qualidade social
preconizada pela Constituição:
Formação de
professores e piso salarial nacional – Para a formação dos profissionais o
PDE define estratégias de uma relação mais estreita entre educação superior e
educação básica, com acesso dos professores a cursos nas universidades públicas
por meio de acordos com os municípios, oferta de bolsas e educação à distância,
de tal modo que a União, o Distrito Federal, os estados e os municípios, em
regime de colaboração, promovam a formação inicial, continuada e a capacitação
dos profissionais do magistério. O piso salarial mínimo, previsto na EC nº
53/2006, que instituiu o Fundeb, e foi definido pela Lei nº 11.738/2008.
Financiamento -
salário educação e Fundeb: O Fundeb, criado pela EC nº 53/2006 e
regulamentado pela Lei nº 11.494/2007, aumentou substancialmente o compromisso
da União com a educação básica e instituiu um único fundo para toda a educação
básica, não apenas para o ensino fundamental. Essas medidas traduzem as expressões
de visão sistêmica da educação básica, financiando todas as etapas, inclusive
EJA, de ordenação do território e de desenvolvimento social e econômico, na
medida em que a complementação da União é direcionada às regiões nas quais o
investimento por aluno é inferior à média nacional.
Avaliação e
responsabilização – IDEB: Para acompanhar o processo de melhoria da
qualidade da educação básica foi criado o Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica (IDEB), constituído por dados sobre fluxo escolar combinado com o
desempenho dos alunos aferido por meio de provas nacionais (Provinha Brasil). O
IDEB possibilita comparar o desempenho da educação nacional comparada com
outros países e “permitirá a pais, comunidades, escolas, Municípios e Estados
acompanharem o desempenho das escolas ao mesmo tempo em que fixará metas de
curto, médio e longo prazo para a melhoria da qualidade da educação básica”. O
PDE situou como meta passar, até 2011: dos atuais 3.8 para 4.6 pontos nos
iniciais do ensino fundamental; dos 3.5 para 3.9 pontos nos anos finais do
ensino fundamental; e dos 3.4 para 3.7 pontos no ensino médio. Como meta de
longo prazo (2021) propõe atingir o índice de 6.0 pontos para os anos iniciais,
situação em que se encontravam, em 2007, os países da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Planejamento e
gestão educacional – plano de metas compromisso todos pela educação. Com
base nos resultados do IDEB de 2006 foram realizados dois estudos para
identificar as variáveis com geraram melhor desempenho e com base nelas foram
definidas 29 diretrizes que constituem o programa estratégico do PDE: Programa
de Metas Todos pela Educação. Orientadas por essas diretrizes as unidades
federadas elaboravam seus planos de ações articuladas (PARs), negociadas com a
União por meio de termo de compromisso com o Programa de Metas Todos pela
Educação. Para as escolas mais fragilizadas, segundo avaliação do IDEB, o MEC
apoiava, também, os planos de desenvolvimento da escola (PDE-escola).
No PDE,
Avaliação, financiamento e gestão se
articulam de maneira inovadora e criam uma cadeia de responsabilização pela
qualidade do ensino que abrange tanto os gestores, do diretor ou da diretora da
escola ao Ministro da Educação, quanto a classe política, do prefeito ou
prefeita ao Presidente da República.
B.
Alfabetização, Educação Continuada e Diversidade.
Em relação à EJA,
incluída no Fundeb, o PDE passou a integrá-la ao programa Brasil Alfabetizado e
à educação profissional por meio dos programas Pró-jovem e Proeja. Neste campo
a territorialidade assume contornos críticos, uma vez que cerca de 30% da
população analfabeta com mais de 15 anos está localizada no Nordeste e dentre
os mil municípios com menor IDEB, 80,7% estão nessa região75.
Em relação à
diversidade o PDE preconiza o respeito às especificidades dos indivíduos e
comunidades, realizando a diversidade na igualdade como fundamento primeiro do
ato educativo. Nesse sentido, em relação às comunidades indígenas e
remanescentes de quilombolas, busca promover arranjos étnico-educativos em
respeito à territorialidade das comunidades em regime de colaboração entre os
governos e participação das comunidades e sociedade civil.
C. Ensino
Profissional e Tecnológica
Duas ações
caracterizam o PDE em relação à educação profissional: a reorganização e
ampliação das instituições federais de educação profissional e a articulação do
ensino médio com a educação profissional técnica de nível médio. Ambas
demandaram alterações normativas, especialmente a edição do Decreto nº
5.154/04, em substituição ao Decreto nº 2.208/97, alteração posteriormente
inserida na LDB com mudança do capítulo de educação profissional por meio da
lei nº 11.741/08. Essa articulação ganha destaque especial no Programa Brasil
Profissionalizado e, em relação a EJA, nos programas Pró-Jovem e Pró-EJA.
D. Educação
Superior
Na educação
superior o PDE definiu como objetivos: a expansão da oferta de vagas (criação
de dez novas universidades federais e 48 campi); garantia de qualidade;
promoção da inclusão social; ordenação territorial (levando o ensino superior a
regiões mais remotas); e desenvolvimento econômico e social. Para realizar
esses objetivos foram desenvolvidas as ações de:
Reestruturação e
expansão das universidades federais – Reuni: com investimentos nas
universidades federais para melhoria e expansão para aumento das matrículas e
da qualidade, complementado pelo Programa Nacional de Assistência Estudantil
(Pnaes);
Democratização do
acesso: por meio do Fundo de Financiamento do Ensino Superior (FIES) e do
Programa Universidade para Todos (Prouni), que oferece vagas para ingresso e
bolsas para permanência nas instituições privadas de ensino superior, de alunos
selecionados pelo Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM).
Avaliação como
base da regulação: O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior
(Sinaes) consolidou as experiências anteriores de avaliação integrando três
componentes antes dispersos: avaliação institucional, avaliação de cursos e
avaliação de estudantes.
Desta forma o PDE,
com a visão estratégica que preconiza flexibilidade para ajustes às demandas da
realidade, mudou a feição prescritiva/tradicional do PNE, avançando em suas
principais metas, reformulando e ampliando outras, frente às demandas do novo
momento histórico e institucional do País. De maneira particular, estabeleceu
arranjos que avançaram na consolidação dos pilares da responsabilização dos
agentes públicos e do regime de colaboração entre a União e as unidades
federadas. O pilar da mobilização social foi tornado efetivo, além da
participação local no compromisso todos pela educação, de maneira especial na
realização das conferências nacionais de educação.
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